Não só eles e elas (2003)
Ela, ele, a "cosmolanguage" e as poeiras cósmicas (2003-4)
Ela atrás do sonho dele, ele atrás do sonho dela,
ela olhando o seu corpo, ele olhando o corpo dela (2003)
Ela, ele, a "cosmolanguage" e as poeiras cósmicas (2003-4)
Ela atrás do sonho dele, ele atrás do sonho dela,
ela olhando o seu corpo, ele olhando o corpo dela (2003)
António Costa Pinheiro nasceu em Moura, em 6-6-1932
A importância da obra de Costa Pinheiro, iniciada em finais da década de 50 e pouco depois integrada na acção do Grupo KWY – a que foi dedicada uma exaustiva retrospectiva no Centro Cultural de Belém em 2001 –, destacou-o como um dos mais significativos artistas da segunda metade do séc. XX em Portugal.
As séries “Reis de Portugal” (1964/66), Projecto “Citymobil” (1967/75), “O Poeta Fernando Pessoa” (1974/81) ou “La Fenêtre de me tête” (1983/89), marcam alguns dos pontos desta carreira, que tendo projectado internacionalmente, mereceu o melhor acolhimento dos mais importantes sectores da crítica e das instituições na Alemanha, onde longamente o pintor viveu, e onde está representado nas principais colecções públicas e privadas.
Tendo realizado duas exposições de carácter retrospectivo na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1981 e 1989, passaram cerca de 20 anos até que Costa Pinheiro realizasse uma exposição de obra recente em Portugal, para além de breves aparições em mostras colectivas ou presenças em exposições de carácter institucional. Os “Navegadores”, exposição apresentada na Galeria Fernando Santos no Porto, em Setembro de 2001, marcou o regresso da obra do pintor à cena artística portuguesa.
A importância da obra de Costa Pinheiro, iniciada em finais da década de 50 e pouco depois integrada na acção do Grupo KWY – a que foi dedicada uma exaustiva retrospectiva no Centro Cultural de Belém em 2001 –, destacou-o como um dos mais significativos artistas da segunda metade do séc. XX em Portugal.
As séries “Reis de Portugal” (1964/66), Projecto “Citymobil” (1967/75), “O Poeta Fernando Pessoa” (1974/81) ou “La Fenêtre de me tête” (1983/89), marcam alguns dos pontos desta carreira, que tendo projectado internacionalmente, mereceu o melhor acolhimento dos mais importantes sectores da crítica e das instituições na Alemanha, onde longamente o pintor viveu, e onde está representado nas principais colecções públicas e privadas.
Tendo realizado duas exposições de carácter retrospectivo na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1981 e 1989, passaram cerca de 20 anos até que Costa Pinheiro realizasse uma exposição de obra recente em Portugal, para além de breves aparições em mostras colectivas ou presenças em exposições de carácter institucional. Os “Navegadores”, exposição apresentada na Galeria Fernando Santos no Porto, em Setembro de 2001, marcou o regresso da obra do pintor à cena artística portuguesa.
A exposição que agora se apresenta, “Elas e Eles”, mostra o mais recente ciclo na obra do artista.
A propósito desta exposição, escreve Bernardo Pinto de Almeida no livro agora editado pela Galeria Fernando Santos :
“Se o actual trabalho não desmente o sentido do anterior e antes o prolonga, como escrevi, é porque no processo conceptual e formal em que a obra de António Costa Pinheiro se vem desenvolvendo, desde há mais de quatro décadas, estas novas personagens (personagens conceptuais, diria Deleuze) revestem uma significação que, não repetindo as anteriores, o que seria forma de academização, antes as actualiza. Desde logo no modo como elas servem a construir uma narrativa, aqui simplificada em extremo, que se estabelece a partir do lugar que essas mesmas personagens ocupam num outro plano narrativo que lhes é extrínseco. Darei um exemplo para tornar mais claro o raciocínio. Se, como no caso exemplar dos Reis (a série dos anos 60 que o consagraria como uma referência incontornável da arte portuguesa da segunda metade do século XX), ou, depois, na outra dos Navegadores, cada personagem se elaborava como sujeito de uma narrativa própria cujo sentido se esclarecia quando projectado na narrativa mais abrangente da própria História (e mais concretamente da história de um País) ou, em alguns casos, nessa outra narrativa mais imperceptível que é a do mito, em que por vezes a história como que se dilui, o facto é que agora a presença destes dois seres, reflecte esse processo de um modo diverso.
Antes do mais, eles são sujeitos um para o outro, sendo que nesse mútuo processo construtivo de subjectividades ambos se tornam, para nós, personagens de uma espécie de cena, ou de um teatro, cujo movimento observámos.
E porque entre si entretecem as teias de uma relação, desde logo por isso mesmo se organizam no interior de um processo narrativo que assim instituem. Processo que se constrói, de um a outro, de um com o outro, como narrativa partilhada, o que é o atributo mais nítido do próprio relacional. Todavia essa narrativa, esse serem um para o outro, ou o afastarem-se um do outro, ou o refugiarem-se cada um no espaço da respectiva subjectividade, consoante os movimentos internos da sua própria narrativa, podendo parecer à partida um acto que nos seria absolutamente indiferente, na medida em que não teria qualquer projecção na história, desde logo remete para essa outra narrativa do mito, talvez do mais universal de todos depois do mito da criação, de que é continuação directa, e que é o mito do encontro (ou do desencontro) entre o feminino e o masculino.”
A propósito desta exposição, escreve Bernardo Pinto de Almeida no livro agora editado pela Galeria Fernando Santos :
“Se o actual trabalho não desmente o sentido do anterior e antes o prolonga, como escrevi, é porque no processo conceptual e formal em que a obra de António Costa Pinheiro se vem desenvolvendo, desde há mais de quatro décadas, estas novas personagens (personagens conceptuais, diria Deleuze) revestem uma significação que, não repetindo as anteriores, o que seria forma de academização, antes as actualiza. Desde logo no modo como elas servem a construir uma narrativa, aqui simplificada em extremo, que se estabelece a partir do lugar que essas mesmas personagens ocupam num outro plano narrativo que lhes é extrínseco. Darei um exemplo para tornar mais claro o raciocínio. Se, como no caso exemplar dos Reis (a série dos anos 60 que o consagraria como uma referência incontornável da arte portuguesa da segunda metade do século XX), ou, depois, na outra dos Navegadores, cada personagem se elaborava como sujeito de uma narrativa própria cujo sentido se esclarecia quando projectado na narrativa mais abrangente da própria História (e mais concretamente da história de um País) ou, em alguns casos, nessa outra narrativa mais imperceptível que é a do mito, em que por vezes a história como que se dilui, o facto é que agora a presença destes dois seres, reflecte esse processo de um modo diverso.
Antes do mais, eles são sujeitos um para o outro, sendo que nesse mútuo processo construtivo de subjectividades ambos se tornam, para nós, personagens de uma espécie de cena, ou de um teatro, cujo movimento observámos.
E porque entre si entretecem as teias de uma relação, desde logo por isso mesmo se organizam no interior de um processo narrativo que assim instituem. Processo que se constrói, de um a outro, de um com o outro, como narrativa partilhada, o que é o atributo mais nítido do próprio relacional. Todavia essa narrativa, esse serem um para o outro, ou o afastarem-se um do outro, ou o refugiarem-se cada um no espaço da respectiva subjectividade, consoante os movimentos internos da sua própria narrativa, podendo parecer à partida um acto que nos seria absolutamente indiferente, na medida em que não teria qualquer projecção na história, desde logo remete para essa outra narrativa do mito, talvez do mais universal de todos depois do mito da criação, de que é continuação directa, e que é o mito do encontro (ou do desencontro) entre o feminino e o masculino.”
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